Mateus 15:17

O que comemos não nos contamina: a história por trás da passagem bíblica

Em Mateus 15:17, Jesus responde aos fariseus que o criticavam por não seguir as tradições religiosas judaicas, afirmando que o que entra pela boca não contamina o homem, mas sim o que sai dela. Essa passagem é uma das mais conhecidas da Bíblia e tem sido objeto de interpretações diversas ao longo dos séculos.

Para entender melhor o contexto dessa passagem, é preciso voltar um pouco no tempo. Na época de Jesus, os fariseus eram um grupo religioso que se dedicava ao estudo e à observância da Lei de Moisés. Eles acreditavam que a salvação dependia da obediência rigorosa aos mandamentos divinos, incluindo as tradições orais que haviam sido transmitidas pelos rabinos ao longo dos séculos.

Uma dessas tradições era a purificação dos alimentos. Os fariseus acreditavam que certos alimentos eram impuros e que, ao comê-los, o homem se tornava impuro também. Por isso, eles lavavam as mãos com água antes das refeições e evitavam comer carne de porco, frutos do mar e outros alimentos considerados impuros.

Quando Jesus começou a pregar na Galileia, ele atraiu a atenção dos fariseus por sua postura liberal em relação às tradições religiosas. Ele não se importava em comer com pecadores e publicanos, nem seguia as regras de purificação dos fariseus. Isso gerou muita controvérsia e levou os fariseus a questionarem a autoridade de Jesus como mestre e profeta.

Foi nesse contexto que Jesus pronunciou as palavras que se tornaram famosas: "Não percebem que o que entra pela boca vai para o estômago e mais tarde é expelido? Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias. São essas coisas que contaminam o homem; comer sem lavar as mãos não o contamina".

Com essa afirmação, Jesus estava desafiando diretamente a autoridade dos fariseus e sua interpretação da Lei. Ele estava dizendo que a pureza não dependia apenas de rituais externos, mas também do estado do coração. Ele estava enfatizando a importância da moralidade e da ética, em contraposição à legalidade e à formalidade.

Essa passagem tem sido interpretada de diversas maneiras ao longo dos séculos. Alguns acreditam que ela autoriza a liberdade em relação às tradições religiosas, enquanto outros a veem como uma crítica à hipocrisia dos fariseus. Alguns acreditam que ela enfatiza a importância da moralidade pessoal, enquanto outros a veem como uma denúncia da corrupção política e religiosa.

Independentemente da interpretação, o que é certo é que essa passagem continua a desafiar e inspirar os cristãos até os dias de hoje. Ela nos lembra que a pureza não é algo que possa ser alcançado por meio de rituais ou tradições, mas sim por meio da transformação do coração. Ela nos lembra que a moralidade e a ética são fundamentais para a vida cristã, e que devemos estar sempre atentos às tentações do egoísmo e da hipocrisia.